terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Fim de ano e essas coisas

A cidade está louca. Colocaram umas sinaleiras teste por todo o centro da cidade. Algumas ainda não foram ativadas e piscam o amarelo ininterruptamente. Alguns motoristas não sabem o que fazer, param, achando que a sinaleira vai ficar vermelha ou verde. O trânsito está um caos. Imagine nos dias antes do Natal. Estava uma delícia transitar pelas ruas, tanto como pedestre quanto como motorista. Eu nem vou falar dos taxistas, nem das pessoas que atravessam fora da faixa. Só uma dica: se eu te atropelar fora da faixa, a culpa é tua, pois você também é um veículo e deve respeitar a sinalização, as regras, a fim de não provocar acidentes.

Além de que o fim de ano deixa as pessoas meio loucas. Todo mundo quer traçar metas para o futuro e acabam nem vivendo o hoje, só pensando em metas que nunca se concretizam, porque só são pensadas, mas nunca desenvolvidas. Acho que esse é o problema das metas: o foco está no resultado. E é por isso também que o trânsito é uma meta. As pessoas só pensam no lá, quando na verdade o que precisamos pensar é como chegar lá. Isso também é um problema para o aprendiz de línguas... Não adianta fazer um monte de aulas durante a semana, nem somente completar as lacunas do livro. É preciso pensar sobre o que está aprendendo, e pensar sozinho, fora da aula, para poder se compreender. Afinal, aprender uma língua é aprender sobre um novo eu, um eu que fala um idioma diferente, que precisará pensar certas coisas de forma diferente. Então, mais uma vez, o foco é no processo, e não no resultado.

Estava pintando o cabelo esta manhã (aliás, escrevo enquanto a tinta age e colore também partes do meu rosto), e lembrei de um fim de ano. A Ingrid (minha irmã) devia ter uns 3 anos, então isso foi quando eu tinha 15 ou 16 anos. Estava nublado. Meu avô ainda estava bem, eu acho... não lembro quando ele adoeceu... e eu fui ajudar a Tata com a comida, fazer saladas e farofa, preparar as frutas. Me deu uma nostalgia gostosa. Senti uma saudade apertada da minha casa, de poder observar os pássaros se alimentando no clima vaporoso de antes da chuva, de ter cachorros, andar descalça na grama. O que mais me dói é essa dor de não ter árvores, não ter fauna e flora em contato direto comigo. Me amortece, me deixa com um pedaço faltando, eternamente. E o vento na minha casa???? Ah, o vento trazia minhas melhores sensações. Ficava parada em frente à porta do meu quarto, no corredor, e só sentia  o vento em mim, de olhos fechados. É duro passar por lá e ver que as mudanças são permanentes... mas um dia  hei de ter isso novamente, em um novo lugar, e eu serei uma nova eu. 

Mas nesse processo de chegar lá já terei essa nostalgia por onde vivo e por quem sou hoje. Sou uma devota do desenvolvimento, gosto de me apropriar de tudo que passa pela minha alma no rio da vida. às vezes isso me torna uma pessoa sumida. Desapareço, perco o contato, me perco em mim. Mas eu sempre volto, eu sempre encontro a superfície e tento espalhar luz a todos.

Fim de ano me deixa emotiva, porque saio do meu renascimento nesses 2 meses e 7 dias que me separam do ano novo mundial. E acho que todo mundo devia renascer, mesmo. Devia entrar em um processo para, especialmente, compreender o outro e compreender que há certas regras de respeito e altruísmo.

Então, desejo que hoje você morra... para renascer mais humano, mais compreensivo e aberto, para respeitar não porque será respeitado, mas porque você é humano e é bom. Que nasça a gentileza em teu coração. E espalhe luz. Seja luz. E que seu 2015 seja belo e intenso, como a vida deve ser.


Ah, e se quiser fazer os rituais, faça. Mas saiba que tudo que acontece depende de você e de pessoas, não de forças superiores. Pra quê querer algo de fora se você tem tanta luz dentro de si?



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Leveza

A noite de quinta foi uma delícia. Traduzi uma parte de um artigo, comi uma torrada cheinha de salada preparada pelo marido (e parsa - a grafia disso é irrelevante), tomei banho e me arrumei. Como ele mesmo disse, eu estava leve. Venho me sentindo assim há alguns dias, apesar da TPM querida.
Fomos aproveitar a promoção da caipirinha dupla no nosso bar preferido. Que vibe boa a dessa noite.
Dormi pouco, pios tinha aula de manhã. Não tomei café, mas lembrei do hormônio da tireoide (alguém invente um subcutâneo de liberação lenta, please).
Na aula ganho um mimo de uma aluna amada, doce e dedicada. Está em frente aos livros do King. Um globinho de neve (glitter) que vai sempre me fazer lembrar dessa guria. Fiquei feliz. Depois notícias meio eca... a semana foi pesada. Aconteceu tanta coisa, falei de tanta coisa, liberei, absorvi. Passei o dia meio de ressaca, mas a noite dessa quinta foi a expansão da minha leveza interna.

À tarde resolvo me desconectar um pouco. Uma aluna desmarca pois está já de férias, curtindo o campo. Fez bem. Nada se compara à paz de estar em contato com a natureza e aqueles que amamos. Por isso, saí de casa mais tarde, rumando para um desses celeiros de produtos naturais. Precisamos de castanhas e passas e damascos e deliciosidades do tipo. Eu vestia meus sapatos de veludo vermelho, meio Dorothy, um vestido preto cheio de corações brancos, minha bolsa de cupcakes by Aline Galvão e um óculos estiloso. Nessas horas me pergunto quantos anos tenho e chego à conclusão de que tenho todas as idades juntas. 

Uma quadra depois, na esquina, avisto uma senhora com o braço imobilizado mas segurando uma sacolinha de farmácia com papeis, na outra mão uma bengala. Seu torso fazia um ângulo de 120 graus. Era fim de tarde e o trânsito estava intenso. 
Cheguei até ela, segurei sob o braço imobilizado e disse "Eu acompanho a senhora". 
Ela ergueu muito os olhos para encontrarem os meus. "Será que podemos ir?"
O motorista que liderava a fila de carros joga o braço pra fora e sinaliza que atravessemos. 
"Deus me coloca esses anjos no caminho. Faz 12 anos que estou toda quebrada, ninguém me cuida, fico sozinha. Esse Deus é muito bom, não é mesmo?"
"É, sim."  Cada uma de nós tem uma concepção diferente de deus. O meu tem letra minúscula sempre, mas isso não vem ao caso. Não digo nada sobre isso a ela, afinal, o bem é feito de coração e era isso que bastava.

Subo mais uma quadra com ela, no tempo dela, parando de quando em quando, ouvindo sua história, seus problemas médicos, a história sobre o trágico dia em que ela foi quebrada (pernas e um braço - que jamais ficou bom) há 12 anos, o marido falecido... a farmácia diária, exames mensais e quase 90 anos de vida. Ela gosta da vida, apesar de tudo. Reza muito, afinal é isso que tem para fazer já que mal caminha. O trajeto era de volta do médico. Não sei desde onde ela caminhava. Atravessei mais duas ruas com ela. Notei que não usa aparelho, mas tem uma audição exemplar. Eu vou estar surda na idade dela, não totalmente, mas surda.

Chegando à porta de entrada do prédio em que reside, falamos do cuidado dos filhos e parentes com os mais velhos. Eu penso que a vida é muito louca e ninguém sabe o que vai acontecer. Ela cuidou de muita gente, mesmo depois de estar com dificuldades de se movimentar. Eu digo "Depois fazem velório e vai todo mundo chorar a perda..." e ela "mas nem cuidaram da pessoa, nem deram bola. Faz ó que eu não vou a velório. Eu já disse que não quero velório. Que me botem no caixão e me enterrem direto. Velar  pra quê?" "Eu também não quero e  não gosto. É cheio de gente falsa e o pobre do defunto fica lá exposto."  Ela dá uma risada gostosa. Me indica o número do apartamento. Pergunto o nome dela: Eva.  "Desse nome você não vai esquecer. Não tem muita Eva por aí." "É claro que nunca vou me esquecer do teu nome." "E o teu?"  "Carolina." "Eu gosto do nome Carolina. Tenho uma bisneta. Quando estiver por aí pode vir aqui. Você é muito linda, sabia? Querida!!! Continue sempre assim muito querida. Ganhou o dia de trazer uma velha pela rua, hahaha"  "Ganhei mesmo, ouvi muitas histórias."  "Deus te abençoe. Você sabe que é muito linda e querida né." Vi que os olhos estavam brilhando de lágrimas felizes. "Deus te abençoe e até logo."

Tem aquele dia em que a gente encontra oportunidades. Agradeço aos motoristas que pararam para que atravessássemos em segurança. E sinto muito pelas mentes vazias que riram de mim, por estar acompanhando uma velha... uma velha de uma vida sofrida, uma velha forte, benevolente e corajosa. 
Estou aqui cheia de coisas para traduzir, de aulas para preparar, tenho que lavar roupa e dar uma geral na casa, mas eu precisava contar essa história.  Eu nunca direi à Eva, mas deus pra mim são esses encontros entre almas que se ajudam, seja no simples atravessar a rua, seja mostrando um pouco da história de vida que ensina tanto em tão pouco tempo. Geralmente chego ao trabalho em 5 minutos. Hoje levei 25, mas encontrei um pouquinho de deus, encontrei uma alma que precisava de um cafuné.... e eu não sabia, mas precisava ver a felicidade nos olhos dela, daquela alma dolorida. Obrigada, Eva, por trazer paz pra dentro de mim.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Arrogância Sulista

Estou eu lendo sobre a palestra do Oscar, que foi vaiado por mostrar estrelismo e arrogância ao invés de realmente esinar os jovens sobre obstinação.

Eu não dou um ovo pelo Oscar. Não por ele, mas porque ele não me interessa. Enfim, o cara tá lá, ganhando um extra depois de aposentado...

Aí nos comentários: "Mais um sulista arrogante".

Pausa dramática para ódio, xingamentos mentais e o meu mais sincero foda-se pro cara que disse isso.

Como assim "sulista"? Quem entra na classe dos sulistas? Ele é de onde? De que hemisfério? Será que ele mora no sul do estado dele?
Xenofobia é sério... blá blá blá, mas ele só chamou o cara de arrogante, nada de mais.. Não, ele chamou um povo todo de arrogante!

Ei, senhor, vai tomar um suco de cicuta e depois a gente conversa.

Confesso que os Chineses me dão um pouco de medo, mas por causa de serem um tanto controladores. Mas se eu conhecer um chinês por aí, beleza.
Me irrita muito quem acha que todo Nordestino é preguiçoso, que os Acreenses não existem, que os Amazonenses são todos índios que não sabem de nada, que os Paulistas são uns workaholics fdp, que Carioca é ladrão e funkeiro... ou que os Americanos são todos maus, os Ingleses frios e assim por diante....

Eu conheço gente daqui de PF que junta todas essas características sem ser arrogante como os sulistas, mesmo sendo sulista..



E aí? Como explicar, tiozinho?

Voltando àquele texto que compartilhei ontem: é culpa da escola...e da mídia. A escola não é de toda ruim, calma. Mas tem muita coisa ensinada por 'educadores' da escola e da tv que se perpetuam de uma forma avassaladora. (não vou falar em religião, ok?)

O que se deve ensinar é que cada um de nós é um universo único, com peculiaridades exclusivas e outras características comuns, pois estamos todos em sintonia, somos todos feitos de poeira estelar.
E sendo nós universos, cada um traz características especiais, que não podem jamais ser limitadas a oriundas de onde moramos ou de onde estamos. Fosse simples assim, o mundo seria outro. Seria ainda mais fácil alienar todos, sem exceções.

Mas aquele senhor é um alienado. E por isso não achei necessário entrar num monólogo com ele. Espero de verdade que um dia ele e taaaantos aprendam que perpetuar a ignorância é evoluir de maneira suja e doentia.  

Mas o que mesmo significa evolução?


Bom dia.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Pela paz da privacidade!

Era uma vez uma época em que não existia celular. Se quisessem falar contigo, que ligassem pra tua casa ou pra casa onde você estivesse. Nas praias do Sul eram filas enormes nos mini-mercados em frente a um aparelho quase extinto, o orelhão.  Era uma paz. A gente sabia falar o que interessava a quem interessava.  O criedo cumpria o horário de voltar pra casa, porque não tinha como avisar qualquer mudança de planos. Tinha era que correr pra casa, avisar os pais e, com sorte, poder sair novamente.

Aí inventaram o telefone móvel, que dada sua popularidade, tornou a privacidade mais privada: tem quem pode. Aí a gente encasquetou que tinha que sair de casa com o celular, sempre, sem exceções. Fosse pra jogar a cobrinha enquanto esperava o ônibus, fosse pra ligar prazamiga avisando que já estava na praça de alimentação do xópim. 

E ao contrário do que se diz, o fim do mundo como o conhecíamos foi mesmo no bug do milênio, porque depois disso acabou a era do estar só.  E agora você envia uma mensagem, é avisado de quando o receptor concluiu a leitura e, por qualquer motivo, não te respondeu. Não posso mais me calar diante de algo que não quero responder? Não posso mais mentir que não li porque ainda estou pensando na resposta, ganhando mais um tempinho?  Preciso de hackers pra criar um aplicativo que pare com essa violação. Sim, porque me sinto violada, é um abuso contra minha privacidade e meu direito de escolha.

É CPF na nota, que logo será obrigatório, denunciando tudo que você consome. É o FB Messenger, Whatsapp denunciando que você leu e não respondeu. É Foursquare avisando todo mundo onde vocês está, porque alguém te marcou mesmo que você não queira... é o vizinho te filmando quando você sai pelada do banho e esqueceu a janela do quarto aberta. .. ou aquela triste que tira uma foto ruim de você na praia.

Lázaro, alguém nos ajude a entender o que é isso! O que é essa sociedade que te cobra resposta de tudo: “ eu não sou importante que você esqueceu de me responder?” “o que está acontecendo contigo que engordou e foi pra raia cheia de celulite?” “que cabelo é esse? Que tatuagem é essa? Você usa cropped com essa barriga?” “como que você vem aqui na festa e não me avisa?” “por que você não vai no show?” “ah, nem tava doente, te vi bebendo na tua sacada!” “não tem dinheiro pra isso, mas tem dinheiro praquilo!!!” “tava trabalhando? Então por que tá on no feice?”

Velho, me deixa de boa que eu vou te deixar de boa. A vida é muito mais que isso. Não me acompanha que eu não sou série, quem dirá a porcaria de uma novela. Se eu não te respondi é porque não sei o que te dizer, ou porque quero te mandar pro inferno ou porque me esqueci, porque estou falando com mais 8 pessoas , porque tô falando com gente no feice, no uatz, no issekê, no maldito do chaton!  Oremos por atualizações em que a visualização seja extinta, por um mundo mais anos 90, quando a tecnologia era massa e não te amassava contra a parede, quando não te dava uma tranquinha antes de entrar no palco.... por um mundo em que a gente possa não ser obrigada!



quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Vamos falar de peitos?

Olá, pessoal.
Hoje o post é sobre um assunto difícil de lidar... tanto pras mulheres quanto pros homens: PEITOS!

Outubro é o mês de conscientização ao câncer de mama, o segundo tipo de câncer mais comum no mundo. Os dados são alarmantes: estima-se que surjam 57.120 casos novos n o próximo ano... Então como fazer pra tentar não entrar pra estimativa????

Em primeiríssimo lugar: ALIMENTAÇÃO E ESTILO DE VIDA

Eu acredito que a nossa atitude em relação à vida determina muito da nossa saúde. Pessoas negativas ou com comportamentos auto-punitivos têm maior tendência a ficarem doentes e a estimularem a produção de células cancerígenas. Claro que devemos levar em conta a herança genética, histórico de saúde pessoal, síndromes e disfunções.

Minha avó paterna faleceu em função de um tumor no cérebro (nunca ninguém descobriu ao certo... faz muuuuitos anos) e todas as irmãs dela tiveram câncer (pulmão, laringe e bexiga). Eu não fugi da herança e ganhei um tumorzinho uterino devidamente extirpado- mas prosseguirei com exames ao longo da vida. Some isso à minha disfunção de tireoide (Hashimoto- proporciona nódulos em todos os tecidos glandulares. Que amor, né?).

Parei de tomar anticoncepcional há muitos anos pois acredito que um dia algo ruim vai acontecer contigo por causa da pílula. Não é legal mesmo... Desde celulite e estrias, à embolias, problemas cardíacos, câncer, morte... enfim.. Há métodos muito melhores hoje em dia. E acredito que quanto menos medicamentos melhor. Dor de cabeça? Tome bastante água, faça massagens em todo o pescoço e crânio, desabotoe a calça apertada... tome um chá.

Levar uma vida mais positiva, fazer exercícios físicos não desgastantes e se alimentar bem afastam doenças. No caso da alimentação, infelizmente não podemos saber exatamente o que estamos ingerindo (agrotóxicos, compostos químicos de industrializados...). Mas comer mais frutas e vegetais da estação, beber muita água, comer algumas oleaginosas e não se empanturrar de industrializados faz uma diferença gigantesca.


CUIDANDO DA COMISSÃO DE FRENTE

Como você trata os seus peitos? Você os conhece bem?
Seu sutiã está certo? Ele te machuca, fica solto demais??? Seus titis cabem confortavelmente no bojo? Sobra espaço? Falta espaço? Aperta as costas ou fica solto e sobe ao longo do dia?

A questão é que a a sociedade nos ensina, em primeiro lugar, a entrar em conflito com nosso próprio corpo. E as mamas são alvo direto: você tem que ter, tem que ser redondinho e tem que estar num tamanho entre 44 e 48. Não, não estou aí... e você também não deve estar, porque não é assim que se mede peito.

O sutiã ideal é aquele que fica no lugar o dia todo. Os seios devem caber dentro do bojo sem ficar saltando e sem que sobre espaço. O bojo deve ser como uma luva: cobrir e dar sustentação sem alterar a forma. Já a banda (o que fica em volta do seu tórax) deve ficar retinha e devem caber no máximo 3 dedos seus nas costas. Veja:




Segundo as numerações brasileiras somos todas proporcionais, ou seja: se meu peito é 48, as costas (banda) também devem ser. O que significa que você só tem peitão se for gorda e só tem peitinho se for magérrima. Algo há de errado nisso, não é?  E a estrutura óssea não participa disso?

O que decorre dessa concepção é que nós tenhamos que mudar em função das roupas. Aí entra o silicone, a lipo, a redução de estômago, a redução de mamas.... Mas, gente, não é muito mais fácil produzir roupas???  Antes de tudo, você deve conhecer seu corpo e se dar bem com ele. E os seus seios não são como aquele pneuzinho na barriga, nem o cabelo com pontas duplas.... Seios são assunto sério.

Porque não usar o sutiã errado:

1-faz mal pra sua coluna, pois altera o ponto de apoio, fazendo com que você se curve.
2-  faz mal para os seus seios: o atrito com as glândulas mamárias pode causar nódulos malígnos ou benígnos.
3- altera suas curvas naturais.
4 - fica feio demais.
5- você não é obrigada.

Por enquanto é possível comprar sutiãs específicos pela Internet.
Mas aí vem a questão do tamanho e da espera. Pode sentar e tomar umas cervejinhas, porque demora. Então vamos descobrir o tamanho das suas meninas:

GUIA DE MEDIÇÃO E COMPRA

Há tempos busco o sutiã perfeito. Já utilizei algumas calculadoras que acabaram por me fazer comprar o tamanho errado. Mas aí eu descobri uma calculadora com 6 medições no blog CurvyWordy. Entre no site e desça até a calculadora na barra lateral:


É imprescindível estar sem sutiã. Pedir a ajuda de alguém também facilita a vida.

1- meça o UNDERBUST, a região do seu tórax onde a banda do sutiã deve ficar (bem retinho). Para essa medida, solte todo o ar dos pulmões e meça o mais apertado possível sem machucar. Anote o número na calculadora.

2- Meça novamente o underbust, mas deixe a trena apertada, mas de forma confortável. Não prenda a respiração.

3- Encha os pulmões de ar e meça sem apertar.

4- De pé, como se você fosse medir sua altura, meça em volta do tórax passando sobre os mamilos.


5- Curve-se para frente, e meça a mesma região, passando sobre os mamilos.

6- Deite alinhada na cama e meça mais uma vez, passando a fita métrica sobre os mamilos.


Clique em "get your results" e voilá!  Fiz com uma trena de construção agora só para ilustrar, o ideal é com uma trena de costureira:

Meu número no Reino Unido é 32J, mas se eu preferir mais solto devo comprar um 34HH.

Meu número nos EUA é 32M, com banda mais solta é 34L

Meu número na União Europeia é 70N, com banda mais solta é 75M.












Essas medições correspondem às polegadas do underbust e a letra é quantas polegas a mais você tem de busto.
Então 32M quer dizer que tenho 13 polegadas a mais de busto que de underbust. Assim:


Como você pode ver, na Europa é possível encontrar copas muito maiores. Tenho desejado muito os sutiãs poloneses. Os preços se equiparam aos brasileiros.
Atenção na hora de escolher o tamanho. Verifique de qual país é.
O Ebay é o paraíso. Prepare-se para perder horas escolhendo e tenha uma conta PayPal para efetuar o pagamento. Depois disso é só esperar a felicidade chegar pelos correios.


Tenho o desejo de importar esses sutiãs maravilhosos. De fazer um encontro de medição e de conscientização. Tá afim? Vamos combinar!

Enquanto isso, lembre-se de se alimentar bem, fazer exercícios, usar um sutiã que não te machuque. Uma ideia é comprar um que tenha a copa certa e mandar ajustar a banda em uma costureira.
Adicione doses de alegria pra sua vida e faça o auto-exame. Vá ao ginecologista sem medo, pois é lá que você descobre mais sobre sua saúde. Pense na consulta sempre como um momento de estudo e conscientização. Aprenda sobre seu corpo, conheça seus cheiros e fluidos e as alterações que acontecem contigo. Sinta-se bela por isso, por ser mulher, por ser complexa.

E aproveite, celebre seu corpo!










segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Um post sobre os prazeres da vida

Bom dia, boa tarde, boa noite. Hoje o post não tem nada de "antissocial" exceto o fato de amarmos viajar sozinhos, como dois lobos solitários.

Além do mais, essa viagem foi em comemoração ao nosso aniversário de 7 anos juntos e aos 3 em que vivemos sob o mesmo teto e em uma sintonia fantástica.


Começamos a planejar há mais de 4 meses, quando decidimos ver uma de nossas bandas preferidas e, 23 minutos após o início das vendas dos ingressos, consegui comprar 2 pra pista da geral. Confesso que vi os meninos no palco, mas nada muito "omg, olha eles lá"... Tava mais pra "olha lá, desse micro spot vc consegue ver cada um deles por vez, se der chance".... mas não foi caro e o som é impecável.

Mas vamos começar do princípio: comidas, claro. Somos foodies por natureza, então pesquisamos através de um guia da Veja (que acidentalmente achamos no mercado pela metade do preço), em vídeos no Youtube, no Foursquare e no guia do Google Maps.

SEXTA
Chegamos em Porto Alegre e fomos direto almoçar no Cia da Picanha (Gen. Lima e Silva, 85).

A rua tem uma magia que nasceu quando eu era criança. Meu ex tio morava  na Lima e Silva e eu passei boa parte da minha infância por ali, na Cidade Baixa e na Redenção.... Então me sinto em casa. É aconchegante comer na rua -  a maioria dos estabelecimentos dispõe dessa maravilha- porque podemos ver as pessoas passando e, se você está tentando decidir o que comer é possível ver os pratos chegando nas mesas dos clientes.

A cerveja estava estupidamente gelada. O atendimento foi rápido, mas o garçom errou o pedido... ouviu errado, segundo ele. Ficamos esperando ele trazer nosso espetinho de coração à milanesa.... vamos ter que voltar!

Esse prato alimenta duas pessoas com fome média. O arroz eu deixei quase todo apesar de estar muito bom. Não me interesso em comer arroz (a não ser o meu ou no sushi), imagina arroz de restaurante... Como estava parecidíssimo com o meu, pedi para levar com uma coxa de frango e um pouco de mandioca frita e uma colherada de maionese que sobrou. Sim.. eu comi menos da metade do prato e já estava cheia.



Não tive cara de tirar foto de uma mesa de advogados perto de nós que se esbaldou em picanhas, parmegianas e massas cheirosas e lindas.  

Ponto super importante: o cafezinho de cortesia no balcão era bom, acreditam? Bom de verdade.


Fomos para o hotel esticar as pernas e renovar as energias pra começar a caminhar desesperadamente. 

Fomos ao Centro, em direção aos camelôs, na intenção de mais tarde comer um shawarma. Eu não quis porque ainda estava cheia e o cheiro da praça de alimentação me enojou. Mas ganhei o dia quando vi essa banca:


Depois de quilômetros de peregrinação, risadas e conversas,uma parada no Mercado:

A Banca do  Holandês sempre com ótimo atendimento e produtos de excelente qualidade! Copa e queijo montanhês pra beliscar no hotel.


 Voltamos descansar e discutir a programação da noite. Mr. Chau Noodles foi a pedida:


O primeiro é de camarão com legumes, amendoim e gergelim. O segundo de carne, cebola, alho e salsinha. O pecado é a quantidade de sal na preparação. E sal em excesso não é nada legal. Já nos brochou uma segunda tentativa, apesar do lugar ser um charme, bem romântico, cozy... o atendimento e a rapidez são impressionantes. Mas chegamos à conclusão de que o nosso de casa é beeeem melhor. Porque o Yakisoba deve te dar umas barrinhas de vida, sabe? Você tem que comer e pensar que abriu 10 baús de mana... No Chau, abri só 1.

 Love Shot: Sobremesa gostosa e na medida.


SÁBADO
No sábado de manhã comemos aquela copa com queijo, pão e uma torta maravilhosa de côco duma padaria do Mercado Público que nunca lembro o nome, mas o Google salva: Padaria Pão de Açúcar
Tudo vale a pena lá.

E o café??? Como é que eu vou viver sem????  
Achamos um pertinho "de casa" na Rua da República... que na verdade é um salão de beleza, mas...


Não é a coisa mais fofa desse mundo? Trendy Hair, bem no meio da quadra!


Nossa intenção era ir almoçar no Muralha da China (e avaliar se era mesmo tão bom quanto a propaganda), mas a fila estava gigantesca. Então lembramos de um lugar nada a ver na João Pessoa. Nada a ver por quê?   Parece um bolicho, mas na entrada tem uma churrasqueira emanado os aromas mais seduzentes ao gaúcho: carnes diversas tostando lentamente em sal, temperos e fumaça de carvão.  

Buffet livre com um taco de carne e um pedaço de linguiça apimentada a 14,90:

Com duas carnes (aqui o extra pra nós dois) a 17,00:


Fachada:


Pensa numa carne desmanchando de boa, sal na medida, perfume.... mouthgasm absoluto. A salada era novinha, a massa caseira no ponto perfeito de cozimento. O molho parecia 8 anos, mas estava saborosíssimo e a polenta era caseira e bem temperada, não aquela coisa insossa que vem só pra te encher a pança.  O atendimento foi o melhor de todos. Nosso garçom é também músico (já tocou muito no Ataque Colorado), falou bem de Passo Fundo e nos fez mais felizes com sua simplicidade, gentileza e bom humor. Valeu Leandro! Assim que der voltamos ao Rok's!

Detalhes: fica em frente à Redenção e é possível ver os pedalinhos pra lá e pra cá. É frequentado por pessoas de diferentes classes sociais, que recebem o mesmo exemplar tratamento. Medalha de Ouro!

Breve videozinho tosco... com meu sotaque exacerbado pelo mimicking automático do qual sofro:



Então era hora de dormir pra ficar de pé naquela muvuca de gente que seria o show.... 

MAS antes de rumar pro Pepsi On Stage precisávamos jantar. E lá formos, perneando, pra lomba da Ramiro Barcelos no belíssimo Mao Sut. O preço está de acordo com a qualidade dos pratos e com o ambiente. Estava cheio, mas mesmo assim, nossa comida veio em inexplicáveis 5 minutos. Comemos no deck, e apesar do vento, tivemos um jantar maravilhoso. Voltaremos sempre que possível experimentar toooooodos os pratos.

Torradinhas (Loi Krathong) de shitaque com um mix de amor asiático:



Wontons (Phi Phi) de camarão fresco (aquele adocicadinho característico) com um molhinho de abacaxi apimentado, servido na concha, que eu comeria todo dia:




No vidrinho uma pimenta diretamente da Tailândia!  
Conclusão: 1) Obrigada, Asiáticos, por uma culinária maravilhosa. Jamais me cansarei de comidas asiáticas. 2) Pimenta é sempre bom.   3) Temos uma ótima tolerância (e apreço) a pratos bem apimentados.

Devo dizer que fiquei APAVORADA, EMBASBACADA, FELIZ, BLISSFUL com a rapidez das cozinhas em Porto Alegre. É incrível mesmo como todos os nossos pedidos vieram rápido. Fico me perguntando o que há de errado nas cozinhas daqui que demoram tanto...

Agora sim: rumo ao QUEENS OF THE STONE AGE!!!!

Faz tantos anos que curto QOTSA que nem sei. Depois o Vini me apresentou Kyuus... E enfim, Desert Sessions é paixão... mas não me emociono muito com Eagles of Death Metal nem Them Crooked Vultures.   

Uma coisa que acho imprescindível em um show é ir porque você curte a banda como um todo, desde álbuns antigos ao mais novo. Não dá pra ir num show se você conhece só o último trabalho da banda. Fica em casa, então.

Tava cheio de gente que deveria ter ficado em casa.... junto com outras categorias de pessoas que deviam ser proibidas de ir a shows.... mas isso é assunto pra outro dia.





Josh é bem humorado, fala bem com o povo e canta as minas todas juntas de cima do palco.
O som limpo, tocam maravilhosamente ao vivo... e é um show longo.

Queria ter ficado mais perto, mas o importante é que eu estava lá com quem mais me interessa nessa vida. 

Uma da manhã estávamos de volta à Cidade Baixa, que estava sem luz. 

DOMINGO
Acordamos e arrumamos tudo. Fomos ao Brique ver coisas aleatórias.  Finalmente pegamos o carro, que ficou o tempo todo escondidinho num estacionamento perto do Rok's, e seguimos pra casa, podres de cansados. Felizmente a chuva veio já no percurso final da estrada.  

Comprei essas colherinhas lindinhas - tenho uma tara por colheres.


Dormi antes das 21h  no sofá. 


Em breve postaremos mais opiniões sobre aventuras gastronômicas e lugares interessantes.

Você já foi a algum desses lugares? Diz aí o que achou!

domingo, 29 de junho de 2014

Amor e sexo


Hoje está aquele domingo perfeito de certa forma: há poucos carros na rua, meu café está quente e gostoso, da sala ouço o Vini dar umas roncadinhas de sono profundo, dos fundos ouço os pássaros livres conversarem com as calopsitas do vizinho. 
Gosto de acordar mais cedo aos domingos e escrever. Às vezes me esqueço o quanto aprecio ficar sozinha para ouvir os sons do mundo e da minha cabeça. 

A chuva não pára e assola muitas comunidades no meu estado, mas hoje a chuva tem um belo som, como um trance que me embala.
Há pouco olhava no Catraca Livre as fotos de casais homossexuais do século passado. Um trabalho belíssimo de Sebastien Liftshitz . Algumas fotos me deixaram verdadeiramente emocionada, porque é possível captar amor e cumplicidade, entrega e satisfação. É quase possível tocar o sentimento que há ente os casais. Há uma completude naqueles olhares, na linguagem corporal.

Sei que bato nessa tecla muitas vezes, mas sou uma defensora do amor. Não consigo compreender como é possível alguém achar o amor feio, estranho, anormal. O amor é uma dança que se descobre a cada dia. É um livro daqueles que você não consegue largar nunca, que quer ler e reler infinitamente. O amor é ser livre com outra pessoa: livre de padrões, de rótulos, de preconceitos, de convenções sociais. O amor é a completa absolvição dos pecados, é luxúria sem culpa, tesão carinhoso, cuidado e zelo.

E aquela historinha de "o amor não é isso.. o amor é outra coisa", na real é: o amor é infinitas coisas, mas todas boas, que engrandecem, embelezam, trazem sorrisos e segurança. O amor é segurança. Mas para cada um o amor se mostra de um jeito diferente, porque o amor é único. O jeito que você ama João pode ser diferente do jeito que amou Pedro, e não tem nada a ver com o jeito do amor pela irmã ou pelo filho. O amor é infinito.

Então, se o amor é um sentimento que traz segurança, alegrias, liberdade e infinitude como é que eu vou me meter no amor dos outros? Como é que eu vou achar que o amor dos outros vai ser igual ao meu? Ou que o meu será igual ao dos outros?

A questão não é essa? A questão é sexo? Não me diga que você faz só aquele sexo basiquinho, sempre igual... preliminares, uma posição só, gozo de um dos dois ou dos dois (mas nem sempre)? Entendo sua frustração. Entendo sua chatice. É falta de criatividade, é falta de diversão, falta de prazer nesse corpo. Que pena! Você poderia estar vivendo num mundo exclusivamente seu, cheio de delícias e intimidades. Porque NINGUÉM precisa saber o que você faz, ninguém precisa julgar sua vida sexual. Sexo é uma terra mágica onde se pode brincar de tudo, desde que seja o que os participantes desejam. Pode ser em duplas, trios... quem quer brincar decide. Pode ter objetos, roupas, fetiches... pode envolver lugares, luzes, aromas, sabores. Pode ter teatrinho e todo tipo de encenação. É pura experimentação. Se não der certo, não se abale, um abraço e um sorriso de cumplicidade consertam tudo. 

Eu desejo que todos tenham ótimas experiências sexuais sempre. Porque o importante é que não sejam traumáticas a nenhuma das partes (especialmente das íntimas). Desejo mais ainda que parem de julgar as práticas dos outros.. e o amor dos outros. Lembrem-se: amor e sexo são únicos! Não é pra ficar comparando. Isso azeda, estraga, te envenena, você se rala... porque só você se prejudica por ficar julgando. Enquanto você fica preso às convenções puritaninhas e sem graça, pessoas inteligentes vivem felizes, realizadas e bem servidas, muito bem, obrigada.

Sabe qual o segredo da vida: cada um cuida da sua e deseja que todos encontrem a felicidade. Por que você não tenta? 

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Culpa

Eu não consigo viver em uma sociedade de culpa.
Não acredito na culpa. Ela impele, reprime, diminui, exila.
A culpa não faz com que haja progresso, só arrependimento.
É claro, o arrependimento é o primeiro passo. Infelizmente, para a culpa, ele também é o ponto final, a conclusão.

Eu não quero saber se você se arrepende das coisas que fez ou deixou de fazer... Se sentiu remorso ao negligenciar seu filho, se pensou "eu não devia ter cortado a frente desse cara, quase deu um acidente", nem se demorou na cama pra dormir pensando em como suas atitudes deveriam ter sido melhores e hoje você é infeliz por sua própria culpa....

Ponderar é preciso... ficar acordado até tarde, comer em excesso pra suprir aquela falta de qualquer coisa em sua alma, chorar desesperadamente... tudo isso faz parte da limpeza, faz parte de juntar forças.

Porque o que interessa mesmo é fazer algo depois, para melhorar aquilo que aconteceu. Não para compensar. Odeio essa palavra.*  Algo para mudar... para que, a partir daquele momento, aquela situação passe a ter outro valor, ter brilho, clareza, dedicação, alegria... para que tuas atitudes se transformem.... e não fiquem apenas no arrependimento.

Eu sei. às vezes é difícil. Mas pense nos benefícios. Pense na corrente de energia positiva, no efeito dominó de good vibes.

Elimine a culpa, alimente as soluções.

Você é luz: irradie.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Sobre uma certa liberdade

É sábado. Oito e meia. Me preparo para entrar em uma sala de cirurgia para a retirada de um órgão. Não, não é doação. Não estou doente. Não é vesícula. É um órgão muito controverso, e não é o coração, nem o cérebro. Sem eles não poderia viver. Não é nenhum pulmão, nem rim. É meu útero.


Tenho 27 anos e não tenho filhos. Não terei filhos biológicos e não adotarei. Não sou um monstro. Não sou homem. Não sou homossexual, não sou bissexual. Sou hétero, casada, sem aspirações para a maternidade.  Sou livre e acredito na humanidade.

Há algum tempo sigo no Facebook a Travesti Reflexiva, um ser humano que trocou de sexo por ter nascido com sua alma presa em um corpo errado. Essa nova mulher recebe mensagens de ódio diárias, de pessoas que não fazem nada melhor da vida que regular a vida dos outros. Abaixo segue algo que também me diz respeito:

Não sou travesti. Nasci no corpo que deveria nascer. Ninguém nunca me disse que, por ser mulher, eu deveria obrigatoriamente ser mãe. Ninguém me disse diretamente. Menstruei aos 14 anos.  Minha menstruação sempre foi uma desordem. Sangrava 15 dias seguidos, parava 15 e sangrava de novo. às vezes ficava 3 dias, passava o mês e nada. Até que vinha um rio e eu tinha que jogar fora calcinhas lindas. Poucos anos depois resolvi que não podia mais menstruar. Ficava com nojo, sentia cheiro de sangue e já me irritava. Parei. Tomei pílula contínua para não descer mais. Bom é que elas tratavam meus ovários. Quer dizer, faziam de conta que tratavam. Tive que começar com anticoncepcional injetável. Meu pai aplicava em mim, com suas grandes mãos de anjo.  Desse medicamento ganhei muita celulite e estrias. Mas isso não me incomoda, pois meus ovários estavam curados.  Voltei a tomar anti via oral. Me esquecia. Meu ciclo "loqueava" de novo. Foi aí que troquei de ginecologista e conheci a fada da minha felicidade: uma mulher linda, sempre envolta em uma aura jovem e cintilante. Ela me apresentou o Myrena - um DIU de progesterona que, além de me impedir de engravidar, faria com que eu não menstruasse por 5 anos sem nenhum efeito colateral a não ser a reconstrução do meu sistema, sem interferências hormonais na corrente sanguínea, sem riscos de embolia, me protegendo contra endometriose. É a glória esse Myrena. Recomendo a todas as mulheres que prezam por sua saúde.

Me esqueci de falar que tenho Tireoidite de Hashimoto: uma condição em que meu organismo acredita que minha tireoide é um corpo estranho e, portanto, deve ser bombardeado até sua morte.Conversando com um médico (ex aluno meu) concluímos que quem tem Hashimoto certamente desenvolverá nódulos em seus tecidos glandulares. Uma vez apresentei um nódulo no rim, agora tenho um na própria tireoide e desenvolvi miomas uterinos há mais de 5 anos. E é essa história que quero contar:

Tive 3 namorados na vida. O primeiro não conta. eu era uma guriazinha tola. O segundo durou 4 anos, mas não pensava em casar com ele. O terceiro é meu marido. Não somos casados na igreja nem no papel. Somos casados por contratos verbais selados todos os dias, às vezes várias vezes por dia. Estamos juntos há quase 7 anos. Nossa conexão foi instantânea e logo percebi que era o homem com quem eu iria passar o resto da minha vida, apaixonada como uma garotinha, mas amadurecendo constantemente, me tornando uma mulher.

Sempre vou aos médicos. Gosto de saber da minha saúde, gosto de conversar com médicos em geral. Minha tia é dermato. Passei minha vida lendo os livros dela, conversando sobre enfermidades e o corpo. Fazia uns 2 anos de namoro e fui numa das consultas com a ginecologista. Ultrassom pra ver se o DIU estava no lugar certo. Estava. Mas ele tinha uns amigos.. uns miomas. Passei 2 anos e meio gestando esses nódulos, com cólicas, desconforto, sangramentos, choro, muito choro. Tive que fazer uma cesariana e retirei dois grandes, um pequenos e inúmeros foram cauterizados. Eles equivaliam a um bebê de 3-4 meses de gestação.

No quarto do hospital a fada veio me visitar. Eu tinha 25 anos, época em que os hormônios ficam doidos para gestar. Ela me disse que eu deveria escolher: ou engravidava dali 1 ou 2 anos, ou desistia de ser mãe. Logo troquei de DIU pois o outro tinha expirado seus 5 anos.


Desistir? Nunca quis! Mas meus hormônios pensaram no meu namorado que era ótimo com crianças. Ele tinha cara de pai. Seria um pai fantástico. E como eu queria ver a nossa combinação em um bebê. Seria o bebê mais lindo do mundo.

Chorei meses. Passou. 

Um ano depois da cirurgia lá fui eu fazer ultrassom. 3 novos filhotes. Eu poderia ter engravidado ali... Teria um bebê e os miomas crescendo, correndo o risco de ter o útero partido, ou uma gravidez de risco.... Deixei que crescessem. Eu já tinha recuperado meus sentidos e minhas ânsias por maternidade sumiram.

Hoje tenho 7 miomas e um ovário aumentado. Meu útero tem 222 cm³ - quando o normal é de 50 a 90.
Vou tirar meu útero e minhas trompas. 

Vou perder o órgão que me faz mulher. Não é isso que as pessoas acham das travestis: se não tem útero não é mulher. Nunca vai gerar um filho!

Não adianta. Odeio rotina, cocô me dá náusea, durmo deitada no sofá no meio do filme, meu sono é pesado. É egoísmo? Acho que não. Tem tanta gente tendo filho nesse mundo. Acho que se eu não tiver, o planeta vai me agradecer. Assim dou espaço para outras mulheres que desejam ser mães, que tenham essa vocação de verdade. 
Já tenho meus filhos que não gerei: são meus alunos, amigos e amigas que me pedem conselhos, que choram, que contam problemas, pessoas que encorajo... a gente acaba sendo mãe de diversas formas.

Mas não tenho útero. Não gestarei nem menstruarei. Sou travesti, então. Com muito orgulho.

Sou livre para decidir quem quero ser.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Hipocriciência

E o spam domina o mundo!!! Essa será a notícia de capa no jornal do meu cérebro. A falta de capacidade mental de alguns e a falta de bom senso de outros é a combinação perfeita do drink mais apreciado nas rodas dos intelectuais-poser-cultos-hipster e chatos Instagram afora. Bolsa família é coisa de vagabundo...não vai ter copa...abaixo o governo...eu não mereço ser estuprada...vamos para as ruas protestar... Na boa? Senta lá Claudia. Vc que se ofende por isso com certeza vive no Empire States Of Coxinha, um local onde todo mundo é bonito, usa Rayban, escolhe filtro no Instagram, posta foto do cachorro de raça ou do gato persa, é contra o bolsa família mas cursa a tua faculdade nas costas do governo, troca de carro porque o IPIfoi reduzido pelo governo. Mas isso não importa, você fala pelo povo, afinal é um trabalhador, fica no escritório, na sala com ar condicionado 8 horas por dia fazendo algo que não serve pra nada e não contribui em nada, meus parabéns! De noite vai pra aula, é do DCE, um verdadeiro mobilizador de massas, e falsifica carteira de estudante pra mina porque ela é gata. Arruma um emprego na prefeitura porque é do partido, "mas eu fiz campanha né",ta certo, você é um militante. Não vai ter copa!!! Mas ainda vai passar o BBB todo ano, você vai tomar todas no sábado de noite, sair gritando na rua, seminua, vomitando, mas não é vagabunda, é moça recatada, que vomita na cara dos outros frases do tipo "ele é feio mas tem um carro lindo", "me trata mal mas banca tudo", "saiu com ela mas diz que gosta de mim" ,cursando direito, tá no sexto semestre e fala menas, ouve uma música que manda ela dar gostoso e o único livro que leu por vontade própria foi da Zibia Gasparetto. Parabéns, você é uma coxinha! Mas você é o peão, o cavalo, a torre e o bispo desse tabuleiro perfeito, então o rei e a rainha são pessoas melhores né?...bom...nem um pouco, são os Bolsonaros, Sherazades, Hipsters, políticos metidos a jovens, ativistas, bloggers, vloggers e afins. Vivemos a era dos coxinhas, dos picolés de chuchu, da hipocrisia doce que alicia nossas crianças, da massa burra que sabe que é burra,da massa que se acha inteligente,da massa que odeia gays, células tronco e maconha porque não é de Deus, da massa ignorante que pasta enquanto assiste Pânico na Tv, Faustão, BBB, Novela e futebol. E agora vem a pior parte, eles dominaram o país ,então se vocÊ entendeu o que eu disse pode ir arrumando a mala antes que os fanáticos tentem te deter. Logo eles estarão de tochas acessas batendo na tua porta como bons aldeões de Mary Shelley, e você não vai ter pra onde correr, tudo foi corrompido e você é o Frankenstein, ninguém te quer por perto, você é estranho, desajeitado, não se sente bem perto dos outros, é uma aberração, ou você luta e foge ou fica e sofre um processo de afloramento do teu lado coxinha, semanas de sertanejo pré-escolar, doses de whisky e red bull e se você for muito afoito vai ter que ir no culto, mas pode ser na bola de neve, eles são legais, algumas semanas depois e parabéns, você será um belo coxinha. E por que eu não paro de nadar contra isso e deixo a maré me levar? Porque eu sou um bug no sistema, eu nem deveria estar aqui, eu sou um vírus lento e silencioso que a sociedade tentou tratar de todas as formas. E meu último conselho, não tente mudar esse mundo, tente mudar o seu.

Por Vinícius Mendes

terça-feira, 25 de março de 2014

Abstrato

O conceito de maior grau de assimilação é a abstração. Acho que por essa dificuldade o homem criou deus à sua imagem e semelhança, mas com traços de perfeição - algo também criado pelo homem - como pureza, poder onisciente, piedade, compaixão, mas não sem adicionar características punitivas, como um general que doma seus soldados. 

A abstração, porém, não permite ver não só o mundo e a nossa existência como uma jornada em que não se deve ter um deus nem um governante, mas em que todos possamos exercer o mesmo poder de mudança. A falta de abstração torna o humano uma tábula rasa, ele não sabe nem o que sentir sobre si mesmo.
Conceitos como AMOR - tão simples e tão sublime - viram monstros exigentes, vampiros da alma, traiçoeiros, vingativos. E o humano, com medo, decide não amar, decide não respeitar, não sentir, não abstrair e se perde na imensidão do nada que se torna sua vida.

Eu tenho pena dos que não abstraem, que decidem não se conhecer nem conhecer os diversos mundos que cabem dentro da própria existência, que só vivem de trabalhar pra poder encher a cara no fim do dia ou da semana e não fixam o coração jamais, traindo, objetificando, negando, suprimindo.

Será que ninguém vê que o inferno é aqui porque assim fazemos?  O diabo é você (é sua família, seus amigos, seus inimigos, as pessoas que você nem conhece) quando não abstrai e procura uma forma mais fácil e menos verdadeira de lidar com algo que surge, quando casa sem querer casar, quando trabalha sem vontade - dando um jeitinho-, quando faz um filho e o renega, quando discrimina por não entender, quando deixa um animal de estimação preso o dia todo para te agradar quando você chegar, quando burla as leis, quando fala mal de alguém, quando trapaceia, quando sonega, quando atropela, quando não presta socorro, quando abandona, quando mata, quando prolifera, quando declara guerra.
O abstrato é alcançar os céus, abstratamente falando. É compreender o que significa esse algo maior que nós, porque o abstrato sim é humano, pois ele é o contrário da objetificação. E a paz só existe naqueles que sabem que objetos (inanimados ou pessoas-objeto...) são temporários, criações plásticas para suprir necessidades objetificadas, como acumuladores que precisam de coisas para tapar buracos na alma, que poderiam ser restaurados permanentemente pelo poder da abstração.

A falta de abstração deixa o mundo doente, todo mundo doente.

quarta-feira, 5 de março de 2014

CARNAVAL

Não é que eu não goste de carnaval... bem.. é, sim. Não gosto de Carnaval. Mas vamos explicar  quais motivos me fazem não ter motivos para comemorar esta data.

O Carnaval nasceu advindo de uma festa pagã em celebração à fertilidade (dessa mesma festa se originou o Valentine's Day - mas isso eu devia ter explicado há umas 3 semanas, enfim.. está aqui e aqui). Fico eu imaginando qual a parcela de pessoas que curtem o Carnaval que são Cristãos? (Calma, não estou dizendo que eles não deveriam por ser originário de uma festa pagã, mas por ser a festa que é hoje.)

O Carnaval mobiliza um país inteiro. Todo mundo sabe que aqui ninguém vai trabalhar direito entre o primeiro dia de janeiro e o último dia de Carnaval. E, por consequência, gente demais vai trabalhar assim o ano todo, porque aqui tudo acaba bem, a gente dá um jeitinho. Ninguém precisa se preocupar muito. Eu acho que pessoas que acreditam em Cristo devem, no mínimo, sabe que o multiplicar dos pães trata-se de trabalho, de fazer com que as coisas se multipliquem. E, no ano de 2014, isso significa trabalhar para poder ganhar dinheiro que é a moeda de troca por bens materiais. Não existe milagre, existe falcatruagem, inadimplência, chinelagem....

Existe dinheiro público que (às vezes, em alguns lugares)vai para as escolas de samba. Óquei: é uma atividade cultural. E cresce conforme o número de participantes (que também pagam)... num país de 200.000.000 de pessoas.... É.. Deve ter muita gente. Quanto mais gente, mais é preciso investir. A mídia quer saber de tudo, reportar tudo, inclusive babaquices, porque há gente que vive de babaquices.... Sem falar nas mulheres nuas. sim. É oriundo de uma festa de fertilidade. O que há de mais fértil nessa terra do que uma mulher pelada?? Me digam!!! Me digam!!! Não vale dizer barata, nem rato, nem piolho..Tem que ser um bicho de porte grande. Uma vaca? Não,a mulher, minha gente. A mulher!!! Esse ser fantasticamente glorificado, explorado, abusado, exposto, diminuído, objetificado...

Eu entendo. A gente quer ser gostosa, quer se sentir poderosa, quer olhares, quer algo que nos faça sentir desejadas... Mas não agredidas! Eu não me importo se um cara me olha e fica pensando no que ele quiser pensar. Eu me dou o direito de usar saia e salto alto. Me dou o direito de não fazer uma cirurgia de redução, pois os peitos são meus e eu não tenho que me mutilar para não ser olhada. Mas eu não me dou o direito de posar nua, de não dançar entre milhares de pessoas usando quase nada, mostrando além do que os outros precisam saber. Isso eu mostro a quem me ama,a quem me interessa, a quem me faz verdadeiamente sentir gostosa, com intimidade, uma doação de parte de mim...não um alvo, não como um lençol de motel de beira de estrada, não como se eu não valesse nada... Mas isso é só a minha opinião. Você quer fazer uma suruba, vai lá, sussa.. mas não exponha a suruba ao mundo, não deixe que sua imagem seja facilmente acessível a QUALQUER pessoa desse mundo.  Isso não é liberdade, nem libertinagem, é um fetichismo muito burro.

Eu não vou falar de música, porque aí vou ter que dizer que todo samba enredo é o mesmo, que não vejo muita arte nisso.. não vejo mais,já vi,  samba bom sempre existiu, mas as coisas se perdem, se copiam, se mal copiam, reverberam iguais. Não posso falar de música, porque vai ter gente que vai dizer que eu não entendo nada, que eu sou uma poia.. sim, uma poia que acha que só o rock salva, se salvasse aquele bocudo não ia estar fazendo a mesma droga de música há 50 anos - concordando com as palavras do meu crítico musical preferido. Música é uma coisa de cada um, eu sei, então porque tem uns panacas ouvindo no alto falante do celular na rua?

Uma coisa que eu posso falar é dos dejetos de Carnaval. sim, dejetos porque tem lixo e fluidos / excreções corporais por toda a parte. No Facebook já rola a piadinha de que o cenário está pronto para filmar The Walking Dead no Brasil. Concordo. Não há como não concordar. Não há como crer na quantidae de lixo, sujeira e baderna que o Carnaval produz. Botemos a culpa no evento e não nos participantes. Imagina o tanto de vômito que tinha pelas ruas, mijo e merda e fluidos outros, diversos. Papel, plastico, lata, garrafa quebrada, resto de canha, cerveja e refri, resto de comida, toco de cigarro.. Não quero dar uma de Monica Geller - a diversão não acontece se for controlada. Mas pode ser civilizada.

O trânsito fica uma merda, a tv fica só nisso... Mas de que eu estou reclamando? Eu nem assisto tv aberta. Me recuso. Se não tivesse por satélite, não veria tv. Teria só Internet, que me permite selecionar, me permite direcionar aos meus interesses e abre todas as portas para amplificar, diversificar, expandir, enriquecer.

Mas não me aborreço mais. Aprendi que cada um é cada um. Respeito as festas. sim, eu sou chata demais, não sou de festas, não curto tumulto de gente que não conheço, música ruim em lugar apertado e fila do banheiro enorme, nem nada que impeça a minha saída imediata no momento em que eu quiser sair. Sou chata demais.
Mas eu te respeito, carnavalesco. Respeito de verdade. Mas eu tenho todo o direito de dizer que não curto nada disso aí, especialmente por ser aqui, por essa ser a cultura daqui, por amoar tudo, por pintar de cores coisas que não precisam de cores, mas de atitudes. Já temos nossa fauna e nossa flora -indo pelo ralo, diga-se. Eu não preciso mais de tantas cores, eu preciso de ações que mudem o saneamento básico, a educação escolar,  educação do povo, o letramento, o pensar, a integridade, a valorização...

Aqui a festa não falta (não salva).

Aqui a festa SOBRA.






Este texto foi escrito ao som do álbum Tempel da banda Colour Haze . Irônico, não?

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Humanos

Não sou vegetariana porque acredito que só chegamos onde chegamos por ingerirmos proteínas e gorduras animais. O cérebro humano só se desenvolveu a esse ponto por causa não só da dieta, mas também de  tentar buscar maneiras menos primitivas de capturar diferentes tipos de animais para consumo. A caça determinou vários processos mentais do ser humano, pois o obrigou a elaborar estratégias complexas de emboscada, perseguição, domesticação, criação... Se comêssemos somente vegetais, jamis teríamos desenvolvido nossa mente para esses processos e os que derivam deles - leia-se aqui qualquer tipo de pensamento humano que envolva praticidade, agressividade, resposta rápida, higienização alimentar.. entre tantas outras coisas.
Não podemos nos comparar com carnívoros como os leões, que caçam uma pequena gama de animais e geralmente utilizam somente um tipo de emboscada, nem com crocodilos, que usam uma única técnica unida à velocidade e força. Somos um tipo mais refinado pois não dispomos de atributos naturais, exceto polegares opositores e mesencéfalo. E chegamos a um ponto em que podemos nos alimentar somente de vegetais, pois já chegamos a um desenvolvimento evolucional que nos permite escolher, preservar o meio ambiente e transformar o mundo num lugar mais pacífico.
Eu também não sei o que seria do mundo se nunca tivéssemos nos alimentado de carne. Talvez não tivéssemos vingado- pois animais maiores teriam nos devorado, talvez fôssemos muito mais evoluídos - baseados na paz, porque ser vegetariano é carregar paz dentro de si, é exterminar os instintos agressivos que são exigidos em um caçador. Também imagino o que seria da culinária... ou se teríamos desenvolvido outros vegetais em laboratório, porque o ser humano é um ser de variedades. Somos os únicos animais que comem diversos tipos de carne, vegetais, frutas, derivados, temperos, podemos trocar de pele com nossas roupas, podemos mudar a marca de nossa pegada, podemos nos transportar em diferentes meios. Podemos tudo pois gostamos de variedade, de cores, de cheiros e sabores, de sons, de pluralidade, gostamos de ser únicos pertencendo a uma comunidade.
Talvez o segredo tenha sido isso. Chegamos onde chegamos por gostarmos de variedade. E nossas desgraças também se devem a isso. Una a variedade ao consumismo, passe uma camada de desejo de poder, acrescente uma generosa colherada de desejos de prazer, uma pitada de violência, uma dose de desejos de soberania, algumas pitadas de habilidade de manipulação e outras de lábia, podem ser acrescentados outros ingredientes, alguns nobres, mas que ficam mascarados por essa receita, a receita de ódio, da qual Greg e os meninos da Bad Religion falam em Recipe for Hate. Mas é difícil evoluir de maneira altruísta. É difícil. Sempre há alguém que vai tentar obter vantagem. Sempre há quem vai te culpar, quem vai querer brigar, quem vai julgar, quem vai ficar inerte quando precisa agir. Somos variados, somos plurais, somos bons e maus, somos idiotas e brilhantes, somos coloridos, somos defensores e condenadores, somos vítimas e agressores,  somos alma e somos carbono, somos tudo e somos nada.
Criamos crenças e livros e filmes e novelas e todo tipo de história que não a nossa própria pois precisamos de insumo, precisamos de exemplos, de base e de entretenimento, precisamos matar tempo, precisamos fazer tempo e nos instruir, precisamos construir e destruir valores. Não somos complexos, somos aleatórios, dúbios, prepotentes, interessantes, burros, emocionais, sanguíneos e viscerais.
Nascemos para morrer. Todos nós. Ninguém veio com um gene de imortalidade. Nem os animais. (Quem sabe alguns seres unicelulares. - e isso me faz crer que deus seja a natureza, imortal, bela, provedora, transformadora e transformista, sem gênero).

Mas o que seria de nós hoje caso as coisas fossem diferentes?
A vida só tem tudo que tem porque seguimos esse caminho e outro caminho nunca será possível, felizmente. Essa coisa da vida não permitir ensaios - aquele monte de coisinhas que escrevem nas redes sociais, que antes eram escritos m muros e agendas de colegas - sempre me deixou bem. Não quero ter que ficar imaginando viver de uma forma,sabendo que quando for viver de verdade as coisas vão ser realmente reais. Sou sanguínea, visceral. O mundo precisa de desgraça, de guerra, de morte, de dualidade, de discussão, de bo ndadde, de benevolência, de paz, de retiros, de encontros com a natureza, de aceitação, de dor, de carinho, de prazer, de segurança, de músicas de elevador, de músicas de bater cabeça no meio da multidão. O mundo precisa de tudo. Pois nós criamos tudo isso que há. A dúvida sobre nossa existência fez isso, originou n ossas crenças e nosso prato de comida. Somos o que somos pois somos detentores de polegares opositores e mesencéfalo. E vamos todos morrer e outros vão tomar nosso lugar e vão morrer, e assim eternamente até que o planeta exploda ou seque ou queime ou vire uma gigantesca esfera de gelo no copo da Via Láctea... E o fim nem sempre é eterno, mas não vou estar aqui pra ver.
Enquanto estou, então, quero aproveitar a vida sem interferir negativamente na vida de ninguém... Tudo nasce e morre e se tranforma. O degelo das calotas é culpa nossa também, mas o planeta tem sua parcela, pois morre a cada dia, como todos nós. Porque somos todos feitos da mesma coisa. Somos o próprio universo.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Bê óh

Venho por meio deste reclamar da minha vizinha de cima.
Ela tem tido um comportamento muito irritante desde que veio morar no prédio.
No início, como eu imagino, ela era casada com um homem com quem não fazia nada... às vezes penso que era marido, às vezes penso que era irmão. Não sei o que era dela.
Sei que nos dias em que ele ia trabalhar, às 23h em ponto, o interfone tocava. Chamava 2x e ela ia correndo atender. Corria para a porta de entrada do aprtamento e esperava por ele. Isso era geralmente depois de o menino - filho dela? filho de alguém mas ela que cuida?-  parava de andar de motoca pela sala. Ela corria. Ele entrava e logo depois a cama de metal batia no chão por consideráveis 10 minutos e parava.. E eu dormia.
Mas como eu sei disso? Porque eu tenho ouvidos razoáveis... Não são bons, não. São muitos anos de fones no volume máximo. A delícia de som que a Samsung insiste em me dizer ser ruim para mim, mas eu desobedeço... Tenho ouvidos razoáveis porque o volume importa, que me desculpem, mas importa. Enfim, a moça aqui de cima tem cascos, pois pisa sempre de forma muito audível.

E o cara que morava com ela? Eu acho que eles nem conversavam, na boa, Acho que mal se viam. Era um silêncio. A não ser quando ela recebia o motoqueiro. Isso eu descobri num dia em que fui levar para o emu pai um vidro de ovinhos de codorna que o Vini tinha feito. O motoqueiro estava lá ligando, exigindo que ela atendesse o interfone e abrisse a porta para ele subir. Assim ela fez.

O outro cara se mudou logo. Sumiu o carro. Veo a moto. Veio o sexo sobre a minha cabeça antes de dormir. Nada que me tirasse o sono. Ficava feliz por eles. Se curtiam. Eu achava bom. Sempre acho bom que as pessoas se curtam.. e se entendam e façam suas vidas felizes e leves e signifcativas...

Eles brigam agora. Brigam tanto que uma grande amiga estava aqui um dia e tivemos que parara de conversar pois os gritos deles ecoavam nas paredes do prédio da frente e podíamos ouvir boa parte das reclamações.

Todas as noites ouço xingamentos, portas batendo, gritos, gente correndo, coisas caindo (?)

Ainda existe sexo. Geralmente lá pelas 3 da manhã. Tenho dormido tarde, eu sei. às vezes as brigas deles me mantém acordada, às vezes é a falta de sono.

Entrei no elevador come ele ontem. Achei melhor não falar nada. Ele fala "oiei lá fora e vi que vinha tromenta, mas saí de moto e mi moiei tudu". E eu penso que não sei o que que rola no apê em cima do meu.

Vou escrever ao síndico. Mas algo me diz que vou continuar ouvindo ela caminhar pela casa, pois bate os calcanhares no chão sempre que caminha. Seiq eu eles vão brigar. Sei la´o que aconteceu com as crianças..esqueci de falar mas antes eram duas e agora nem sei se o menino está motrando aqui também.

Às vezes acho que eles são uma alucinação. Não entendo mandar umcara embora pra ficar com um com quem se briga o tempo todo.. Nem entendo o cara ir embora porque você não gosta dele e se sentir culpada e se martirizar com um novo. Não entendo uniões por conveniência, nem por dote, nem por promessa. Não entendo agressão física por falta de diálogo, não entendo dormir junto sem amar, nem transar por meses sem amar.

Não sei a quem devo escrever. Talvez eu escreva pra ela. Talvez ela rasgue e faça mais barulho. Talvez ela me (se) entenda..O.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Marriage.

O que é uma mulher casada?
Como ela se comporta?
O que ela faz quando sai sozinha?



Uma mulher solteira, bem como um homem solteiro, em geral, usa a saída como motivo para encontrar um parceiro que possa ou trazer um relacionamento de com fiança, geralmente com bom sexo, certa cumplicidade e companheirismo para atividades rotineiras, tais como sair para uma refeição ou algum entretenimento, ou para ter boas conversas acerca de interesses em comum; o outro motivo pelo qual solteiros saem é para encontrar alguém com quem possam ter prazerosos encontros sexuais, no strings attached.

Casem. Casem com quem seus pais julgam que devem casar. É como ver um filme: você sabe o que acontece, mas você, na real realidade, não sente nada enquanto acontece.

Casem. Casem com  quem quiserem, pelo motivo que quiserem and deal with it.

O casamento é a instituição mais sagrada, não porque cogita-se a existência de um deus, mas porque se trata da união de dois seres não consanguíneos que devem sentir amor, empatia, amizade, cumplicidade, companheirismo, irmandade, familiaridade, poder, submissão, tesão, prazer, compreensão, devoção, adoração, cuidado, carinho, prezo, admiração, liberdade, segurança, alívio, esperança -entre outras tantas coisa- um pelo outro.

O casamento é a instituição mais sagrada pois preza pela continuidade, pela eterna busca de compreensão e parceria, se adaptando a toda e qualquer intempérie, numa busca constante pelo bem de cada um e da unidade dos dois, como suportes, pilares e alavancas, a fim de fazer com que a máquina continue trabalhando.

Um filho não é a consagração de um casamento. A consagração de um casamento é a qualidade do tempo passado junto. É conhecer um ao outro como a palma da mão. E ser feliz por isso.


Um casamento  não se define por tempo passado junto, mas por tempo celebrado junto.

O casamento deve envelhecer como o vinho.
O casamento deve aromatizar como o wiskey...
 e deve derreter, doce, belo e sexy como chocolate.


O casamento necessita de devoção, de entrega, escravidão voluntária.

O casamento deve ter humor, abertura, leveza.

Deve ter simplicidade, gratidão e refúgio.

Um porto seguro.

A personificação de uma miragem.

O sossego.

A paz.




Um CASAmento é, dentro de alguém, sentir-se completamente em casa.



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Feliz ano novo!

Bom dia, bom dia a todos.

2014 começa brasileiramente numa quarta-feira, quarta de cinzas, happy hour do meio da semana, aquele dia em que praticamente todo mundo celebra, pois só falta quinta e sexta já é o findi.
Ano de copa, de matar aula, matar trabalho, matar qualquer coisa pra ver um jogo.


Um ano promissor, amigos. Um ano em que tudo há de dar certo, justamente pelo jeito como começa.
Porque convenhamos, todo fim de dezembro você corre olhar na agenda quais os feriados do ano que está chegando, sonhando com os bons momentos que ó os feriados prometem, sonhando com as festas e bebidas e baladas e possibilidades de conhecer alguém novo, que faça o ano novo valer, coisas que preencham, que dêem significância, sabor, coisas que dêem histórias pra contar....


Acredito em um no promissor justamente por ter iniciado na quarta, por ter copa, por ter carnaval, por ter feriados. Porque se fosse outro ano sem copa, com os feriados todos no sábado ou no domingo, sei que todo mundo começaria com aquela cara de segunda-feira emburrada, de mesa cheia de papéis para dar conta, o cesto inteiro de roupas pra lavar... uma carga de trabalho que ninguém sabe se daria conta se levasse numa boa, porque o ano começou sem oferecer diversões, sem oferecer um prêmio por cada semana/mês de bom comportamento. Somos cachorros treinados. A família, a escola e a soiedade nos treinam a ser premiados somente quando realizamos tarefas, embora nem sempre sejam tarefas que necessariamente precisem ser  feitas ou raramente tragam algum benefício ou mudança, mas precisamos realizar essas tarefas a fim de podermos ganhar nosso descanso, uma ida à praia, uma balada pra virar a noite.

Não... não vim aqui pra dizer o que você deve fazer nesse novo...
Eu não preciso. Você não precisa, você sabe o que fazer. Você sabe com qual atitute deve levar esse ano... 


A questão é se você vai ou não fazer isso de fato.


Um feliz 2014! 
É hora de morfar!