segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mais um momento poesia

Eu podia morrer hoje

28/11/08



É, eu podia morrer hoje

Estou tão perdida quanto no dia dessa foto...
Aquela vontade de me lançar ao mundo sem dizer nada a ninguém
aquela vontade de morrer um pouquinho
E acordar depois, nova
Olho as fotos
Elas me dão um dor incrível no peito
Elas me maltratam porque não podem ser mais
Não podem ser nada além de fotos
De espaços no tempo,
capturados
sem volta
sem volta
sem reprise na sessão da tarde
na tarde quente de novembro
meu coração chora
bate pra todos os lados
e nenhum lado é o certo.
Espero ser assim só hoje.
Algo sei-lá de-onde me manda mais trabalho
Trabalho
trabalho
é bom:
me faz prestar atenção em outras coisas 
que não na minha dor
Dor besta
dor de crescer
como dóem as pernas das crianças que crescem rápido demais.
A mim dói o peito
porque nele não cabe tanta coisa,
tanta confusão,
tanta dor,
tanta alegria de estar fazendo as coisas do meu jeito
alegria de ter os amigos que eu tenho
de ter por perto pessoas que me admiram e me dão força
e que me fazem ver o lado bom
quando estou cega de tudo.
Mas hoje, mesmo com coisas boas, boas pessoas,
eu preciso morrer um pouco... 
Amanhã é outro dia
amanhã é dia de fênix!










sábado, 18 de setembro de 2010

# 1 Carnaval (12/02/10)


Fim de semana de carnaval. Nesse momento Donna Summer canta freneticamente “ the summer is Magic, is Magic, oh oh oh, thesummerisMagic” [1]no meu ouvido. São Paulo floods in e floods out[2], No Rio Grande de Sul acontecem algumas enchentes também, menos agressivas. E, pô, até Rivera alaga. Rivera!!! Bom, mas com a quantidade de camelô tá mais pra Ciudad Del Este (ainda) chique com doce de leite de qualidade, e não esqueçamos os alfajores e a carne. Não esqueçam da carne, principalmente de oveja, que é uma delícia.
Ligo na CNN. Acabaram as chamadas sobre o Super Bowl e continuam as do Haiti. Ah, não!, vamos abrir uma parêntese pro Haiti, galera. Vale a pena, vale. Esse “paísinho” ali na América Central, pertinho de Miami Bitch, teve o quê na vida? Foi próspero? Teve mil riquezas ao longo de sua ainda existência. Naaa. Teve pobreza e terremoto. Todo mundo, digo, todo O Mundo está ajudando o Haiti a se restabelecer. Haha. Não sei de quê, mas os governos são humanos e pensam em ajudar os outros.  
O Arruda não apareceu na CNN, pelo menos nos horários em que eu estava assistindo. Ele nem vai aparecer. Vão soltar, eu acho, porque nunca prendem político, não é mesmo? E se prenderem, vai ser marco histórico, como a eleição do querido Nobel da Paz, depois de mandar mais exércitos pro Afeganistão, cujo poder só foi concedido por ciúme do Brasil ter um ex-analfabeto no pódio, cujo passado foi marcado por fome e sofrimento e o Cheiradinho, a quem nosso molusco vem distribuindo free hugs nada free, que já tomou o dinheiro de todo mundo em outras épocas. Mas a política das aparências é lei e pronto, como os 10 Mandamentos. No space for discussions, gentleman.[3]
Enquanto isso, na terra da folia (do bacanal, do carpe diem whatever it takes[4]) o povo samba, diz estar muito feliz em ser rainha da bateria, fica feliz com os turistas, a Ângela Bismarck remove os mamilos e costura a perereca pra desfilar no carnaval só com a beleza e sem sexualidade alguma, o que me remete às africanas mutiladas para não sentirem prazer. A diferença é que a Ângela é branca, loira e sem cultura. Mas não se assustem, os mamilos estão guardados no nitrogênio e serão recolocados no fim do carnaval, afirma o marido que é cirurgião plástico e totalmente vendido, diga-se de passagem.
E serão 4 dias (sem contar os extras até o próximo fim de semana) em que ligaremos a TV e em todos os canais abertos veremos bundas, lustrosas de óleo e suor, saltitando em frente aos nossos bare eyes[5]. E aquela galera toda vibrando e copulando em profusão, celebrando a vida que têm vivido até então, no meio de todo o caos que se (re)forma. Sem nem dar bola pros Maias, que nos denominaram homens de milho e sangue, e que decretaram o fim dessa polenta com molho pardo* em 2012. Vai saber!!!
Eu agüento carnaval... Me enclausuro comigo mesma, com meu namorado, com meus amigos que partilham do mesmo desgosto. Mas a melhor solução, acho eu, que é fugir pras montanhas e rezar pra que exista um deus. E que ele seja bom depois do fim. Ou, como diria nosso self-shotgunned [6]Cobain, que no afterworld me dêem um Leonard Cohen, so I can sigh eternally. [7]


[1] “o verão é Mágico, é Mágico,oh oh oh,  overãoéMágico”
[2] Enche e esvazia.
[3] Sem espaço para discussões, cavalheiros.
[4] custe o que custar.
[5] Olhos nus.
[6] Auto-escopetado.
[7] In the afterworld give me a Leonard Cohen, so I can sigh eternally- de uma música do Nirvana: Me deem um Leonard Cohen no além para que eu possa suspirar eternamente.



Tá bom, eu sei que não é carnaval!!!!!!!!!!

E quem canta a música não é a Donna Summer. É a Corona.... tipo duchas corona



Tá, eu sei que não é carnaval!!!!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

#6 O Jardim do Diabo

Termino de ler O Jardim do Diabo mais uma vez. Já li umas 5, 7 vezes Trato de esquecer do livro para que possa ler de novo. Tenho essa mania, uma mania que me agrada, por mais estranha que ela seja.
O título do livro é aquele antigo ditado: cabeça vazia é o jardim do diabo. Só esqueceram de dizer que em cabeça de gente ignorante isso não acontece. Não se criam palpites, hipóteses, histórias absurdas ou teses bem elaboradas em cabeças vazias o tempo todo. Precisa-se de uma mente que se desocupe de outros trabalhos para que vire o jardim do diabo, para que se perca dentro de si.
Outro dia eu estava pensando que eu queria nascer ignorante se houver uma próxima encarnação. Para poder viver feliz com o que tivesse,sem aspirações, sem ansiedades e angústias por conta das pessoas do mundo, sem a preocupação de um futuro bem fundado Queria ser burra, não ter qualificação alguma para ser, por exemplo, professora. Queria viver sem me dar conta da minha existência, sabe? Sem me traumatizar, se querer entender o modo de agir das pessoas, sem querer abrir os olhos das pessoas.
Eu sou testemunha e remexo o lodo do meu cérebro. Remexo e avalio e descubro. Sou Estevão, com s dois pés, o Estevão que não foi ver o que aconteceu, mas sabia o que iria acontecer. Sou o Estevão que preferiu escrever não histórias de quinta, mas textos se padrão literário, textos sobre si e sobre o resto do mundo, sobre a sua incompreensão da humanidade. Porque das questões traumáticas que todos os filhos têm, a Estevão aqui já se resolveu. E isso deu lugar a traumas de grande escala e insolucionáveis.
Não entendo a burrice humana. Não compreendo essa necessidade de aceleração. Tal prática só contribui para o fim. Talvez não o fim físico da Terra, mas o esgotamento contínuo das essências que nos tornam humanos, das características inerentes aos seres que dominam o planeta. Não estou falando de alma, pois acredito que todos os seres têm alma e sente, nem de convivência em comunidade, pois todos os seres se organizam assim. É o poder, não o natural de se ter um líder da matilha, um que organize os outros. É o poder sem querer saber quais meios serão justificados pelos fins. São os meios que me dão medo, que me fazem querer fugir, correr em disparada.
Mas eu preciso parar de querer reinventar a humanidade, porque ela está assim e ponto. Não depende de mim, não depende do meu jardim. Depende do deles, de cada um deles.