terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Fim de ano e essas coisas

A cidade está louca. Colocaram umas sinaleiras teste por todo o centro da cidade. Algumas ainda não foram ativadas e piscam o amarelo ininterruptamente. Alguns motoristas não sabem o que fazer, param, achando que a sinaleira vai ficar vermelha ou verde. O trânsito está um caos. Imagine nos dias antes do Natal. Estava uma delícia transitar pelas ruas, tanto como pedestre quanto como motorista. Eu nem vou falar dos taxistas, nem das pessoas que atravessam fora da faixa. Só uma dica: se eu te atropelar fora da faixa, a culpa é tua, pois você também é um veículo e deve respeitar a sinalização, as regras, a fim de não provocar acidentes.

Além de que o fim de ano deixa as pessoas meio loucas. Todo mundo quer traçar metas para o futuro e acabam nem vivendo o hoje, só pensando em metas que nunca se concretizam, porque só são pensadas, mas nunca desenvolvidas. Acho que esse é o problema das metas: o foco está no resultado. E é por isso também que o trânsito é uma meta. As pessoas só pensam no lá, quando na verdade o que precisamos pensar é como chegar lá. Isso também é um problema para o aprendiz de línguas... Não adianta fazer um monte de aulas durante a semana, nem somente completar as lacunas do livro. É preciso pensar sobre o que está aprendendo, e pensar sozinho, fora da aula, para poder se compreender. Afinal, aprender uma língua é aprender sobre um novo eu, um eu que fala um idioma diferente, que precisará pensar certas coisas de forma diferente. Então, mais uma vez, o foco é no processo, e não no resultado.

Estava pintando o cabelo esta manhã (aliás, escrevo enquanto a tinta age e colore também partes do meu rosto), e lembrei de um fim de ano. A Ingrid (minha irmã) devia ter uns 3 anos, então isso foi quando eu tinha 15 ou 16 anos. Estava nublado. Meu avô ainda estava bem, eu acho... não lembro quando ele adoeceu... e eu fui ajudar a Tata com a comida, fazer saladas e farofa, preparar as frutas. Me deu uma nostalgia gostosa. Senti uma saudade apertada da minha casa, de poder observar os pássaros se alimentando no clima vaporoso de antes da chuva, de ter cachorros, andar descalça na grama. O que mais me dói é essa dor de não ter árvores, não ter fauna e flora em contato direto comigo. Me amortece, me deixa com um pedaço faltando, eternamente. E o vento na minha casa???? Ah, o vento trazia minhas melhores sensações. Ficava parada em frente à porta do meu quarto, no corredor, e só sentia  o vento em mim, de olhos fechados. É duro passar por lá e ver que as mudanças são permanentes... mas um dia  hei de ter isso novamente, em um novo lugar, e eu serei uma nova eu. 

Mas nesse processo de chegar lá já terei essa nostalgia por onde vivo e por quem sou hoje. Sou uma devota do desenvolvimento, gosto de me apropriar de tudo que passa pela minha alma no rio da vida. às vezes isso me torna uma pessoa sumida. Desapareço, perco o contato, me perco em mim. Mas eu sempre volto, eu sempre encontro a superfície e tento espalhar luz a todos.

Fim de ano me deixa emotiva, porque saio do meu renascimento nesses 2 meses e 7 dias que me separam do ano novo mundial. E acho que todo mundo devia renascer, mesmo. Devia entrar em um processo para, especialmente, compreender o outro e compreender que há certas regras de respeito e altruísmo.

Então, desejo que hoje você morra... para renascer mais humano, mais compreensivo e aberto, para respeitar não porque será respeitado, mas porque você é humano e é bom. Que nasça a gentileza em teu coração. E espalhe luz. Seja luz. E que seu 2015 seja belo e intenso, como a vida deve ser.


Ah, e se quiser fazer os rituais, faça. Mas saiba que tudo que acontece depende de você e de pessoas, não de forças superiores. Pra quê querer algo de fora se você tem tanta luz dentro de si?



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