sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Se isso é ser louco, quero que todo mundo seja!



 Sempre fui chamada de louca.   Sempre sempre sempre.


Durante muitos anos não entendi o porquê dessa denominação. Algumas pessoas se referiam o meu gosto musical, que vai da poesia de Emicida, Criolo, Elisa Lucinda, passando por Leonard Cohen, Pennywise, Metallica, Slipknot, Stoned Jesus, QOTSA e bandas do Josh, bem como bandas do Jack White, rock clássico, punk, mil outras variações, stoner rock, alternativo, HARD CORE, progressive, até uma podreira bem gritada, visceral, dilacerante, libertadora.  
Eu entendo, realmente, que achem estranho uma moça/mulher curtir tanta coisa discrepante e pesada. Somado ao fato de eu não gostar de MPB on a daily basis (eu escuto, acho as letras lindas-algumas-, mas o resto não me cativa, sorry!), tenho pavor de sertanejo, de funk e de rap burro.


Eu não assisto novela. Não adianta me obrigar. Quando vejo, normalmente por dar o azar de estar na casa de outra pessoa, sinto como se estivessem me fazendo uma lobotomia... Mas outro dia falo sobre o que penso de novelas. Eu também não assisto aquela emissora que mata os cérebros dos brasileiros diariamente.


 Eu amo tatuagem. E acho que quem se tatua é corajoso. Primeiro porque a sociedade condena e você vira presidiário desde o momento em que sai do estúdio, embalado em plástico filme, parecendo um pedaço de carne. E isso me leva a pensar em outra coisa: a tatuagem te faz sangrar e sentir dor. Acho que isso nos faz colocar os pés no chão, nos iguala a todo mundo, pois todo mundo sangra exatamente da mesma forma, o sangue é da mesma cor em todos. E a dor se diferencia muito pouco de pessoa para pessoa. Os animais também sangram e também sentem dor. A prática da tatuagem , portanto, me faz igual a todos os animais.


Eu não acredito que a homossexualidade seja uma escolha. Se fosse, não haveria outros animais homossexuais -seja por falta de um dos gêneros, seja por química com um parceiro do mesmo sexo. O peixe-palhaço (Nemo), na falta de fêmeas, troca de sexo para garantir a procriação. Ursos polares foram observados e, mesmo com um número igual de fêmeas e machos numa região, cientistas relataram casos de homossexualidade. Acho que os humanos, por sua vez, têm o poder de amar, de sentir algumas coisas que os animais não podem - não tão articulada e intensamente, a meu ver. Ninguém escolhe quem vai amar, quem vai ser escolhido para dormir de conchinha como se não existisse mais nada no mundo a não ser a sensação de paz e completude. Eu acredito em amor para toda a vida.



Momento tenso agora:  eu não acredito em deus. Eu acredito em pessoas. Pessoas criam religiões, pessoas têm a necessidade de  em algo que as conforte, pessoas fazem guerras, governos, escolas, emissoras de tv, livros. Pessoas ajudam pessoas, pessoas fazem merda, pessoas consertam merdas, pessoas salvam pessoas, pessoas deixam pessoas morrer, pessoas largam os filhos no lixo, pessoas escrevem,pessoas leem bem e pessoas leem muito mal, muitas pessoas não sabem ler, pessoas demais são privadas de conhecimento, pessoas de menos detém o poder, pessoas matam em busca de poder, pessoas criam dogmas, lendas, a culpa a fim de obter poder sobre outras pessoas, pessoas fazem descobertas científicas, pessoas usam essas descobertas para dominar outras pessoas, algumas poucas pessoas encontram a a paz em crer na vida omo um momento de pura existência sem motivo maior, pessoas de mais creem numa existência submissa a um ser a fim de uma recompensa no caso dessa existência não ter pecados ou ter arrependimento, pessoas inventam que sextas-feiras 13 são do capeta., pessoas criam lendas de que gatos pretos dão azar, de que passar sob uma escada dá azar, que mulher menstruada não pode lavar a cabeça, que mulher é inferior ao homem, que todos os homens são infiéis, que toda mulher é fútil... e mais um monte de merda. Isso mesmo: merda.. não, não é merda, porque merda pode virar adubo ou combustível. É lixo. Poque lixo não vira nada de bom.. É como uma sacola plástica suja de cola e restos de coisas não biodegradáveis.

Para mim a existência se justifica por si só. Acredito que existimos porque um dia, uma bolinha no vasto cosmos sofreu o impacto com outro astro e as reações químicas dessa colisão deram origem a elementos químicos, que se combinaram de maneiras infinitas até chegarem ao que somos hoje. Somos feitos exatamente das mesmas coisas, e terra, de poeira estelar, de energia. Somos energia. E nosso dever, como seres, é adquirir conhecimento, respeitar o mundo, sentir, criar coisas para sentir -todo tipo de arte- e dialogar, dialogar, dialogar. E, assim como tudo morre,acredito que o mundo também exista para morrer um dia.


Eu vejo um mundo que ruma para a imbecilização. É tanta coisa transviada. Os heróis de hoje são pessoas que não fazem nada de produtivo, nada engrandecedor, só usam da sua imagem e da comercialização de ideias sem nexo, segregacionista, 'culpativas', que bitolam e delimitam pessoas, as tornando objetos de manipulação, que cimentam o medo, que condenam quem se arrisca, quem é diferente, quem ama de verdade, quem vive sem se culpar, quem dá um passo à frente, quem levanta a mão na sala de aula nem que seja pra fazer uma pergunta 'boba", quem busca por conhecimento, quem quer SER.

Aí eu me dei conta de que eu sou louca porque as pessoas que me julgaram e julgam assim são cegas, alienadas, submissas aos sistemas de poder. 

Mas não se preocupem.Como eu disse, é tanta coisa transviada, tanto dogma, tanto tabu.

Eu sou só mais um tabu.


Esta postagem foi escrita ao som de Ratos de Porão, The Rapture, Hatebreed, Pata de Elefante, Pearl Jam, Eminem, System of a Down, Cripple Bastards, Queens of the Stone Age, Agathocles, Ratos de Porão, Napalm Death, Bad Religion....

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