quinta-feira, 9 de setembro de 2010

#6 O Jardim do Diabo

Termino de ler O Jardim do Diabo mais uma vez. Já li umas 5, 7 vezes Trato de esquecer do livro para que possa ler de novo. Tenho essa mania, uma mania que me agrada, por mais estranha que ela seja.
O título do livro é aquele antigo ditado: cabeça vazia é o jardim do diabo. Só esqueceram de dizer que em cabeça de gente ignorante isso não acontece. Não se criam palpites, hipóteses, histórias absurdas ou teses bem elaboradas em cabeças vazias o tempo todo. Precisa-se de uma mente que se desocupe de outros trabalhos para que vire o jardim do diabo, para que se perca dentro de si.
Outro dia eu estava pensando que eu queria nascer ignorante se houver uma próxima encarnação. Para poder viver feliz com o que tivesse,sem aspirações, sem ansiedades e angústias por conta das pessoas do mundo, sem a preocupação de um futuro bem fundado Queria ser burra, não ter qualificação alguma para ser, por exemplo, professora. Queria viver sem me dar conta da minha existência, sabe? Sem me traumatizar, se querer entender o modo de agir das pessoas, sem querer abrir os olhos das pessoas.
Eu sou testemunha e remexo o lodo do meu cérebro. Remexo e avalio e descubro. Sou Estevão, com s dois pés, o Estevão que não foi ver o que aconteceu, mas sabia o que iria acontecer. Sou o Estevão que preferiu escrever não histórias de quinta, mas textos se padrão literário, textos sobre si e sobre o resto do mundo, sobre a sua incompreensão da humanidade. Porque das questões traumáticas que todos os filhos têm, a Estevão aqui já se resolveu. E isso deu lugar a traumas de grande escala e insolucionáveis.
Não entendo a burrice humana. Não compreendo essa necessidade de aceleração. Tal prática só contribui para o fim. Talvez não o fim físico da Terra, mas o esgotamento contínuo das essências que nos tornam humanos, das características inerentes aos seres que dominam o planeta. Não estou falando de alma, pois acredito que todos os seres têm alma e sente, nem de convivência em comunidade, pois todos os seres se organizam assim. É o poder, não o natural de se ter um líder da matilha, um que organize os outros. É o poder sem querer saber quais meios serão justificados pelos fins. São os meios que me dão medo, que me fazem querer fugir, correr em disparada.
Mas eu preciso parar de querer reinventar a humanidade, porque ela está assim e ponto. Não depende de mim, não depende do meu jardim. Depende do deles, de cada um deles.



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